Que futuro para a educação?

Confusos e agitados andam estes tempos. Neste momento, interrogo-me para onde caminha a educação e como percorre ela esse caminho.
Na semana passada, o Diário de Notícias contribuiu com alguma luz ao transcrever a entrevista do nosso primeiro ministro, completando no dossier da educação com um estudo sobre os gastos do governo tanto na escola pública, do ensino básico ao superior, como com os custos dos cursos de formação das novas oportunidades.
Ao confrontar algumas afirmações, não me restaram dúvidas de que a escolaridade obrigatória até ao 12º ano entrará em vigor após as eleições de 2009. Este grande objectivo impõe-se inexoravelmente e, na minha óptica, concordo plenamente. Na verdade, a escola deve procurar a inclusão de todos os jovens e proporcionar-lhes uma matriz educativa que lhes proporcione um conjunto de ferramentas para a sua vida adulta.
Já a celeridade com que o processo avança é que, sinceramente, não me convence, despertando-me duas pequenas notas de apontamento. Senão vejamos.
Primeiro, o primado do economicismo, que norteia quem governa, é asfixiante. Segundo o estudo, um aluno, que frequente os cursos das novas oportunidades, custa três vezes mais do que um aluno universitário. Daqui compreendo a lisura com que se atribuem equivalências e diplomas, a fim de fugir à estatísticas negras que fomos acumulando ao longo de muitos anos. De processos pouco sérios, já Almeida Garrett se lamentava ironicamente: «foge cão que te fazem barão».
Segundo, o processo kafquiano de avaliação que recai sobre os professores, condicionando a sua progressão na carreira com o sucesso de avalição que ele faz dos seus alunos, força à progressão de todos os alunos, ao mesmo tempo que limita ao mínimo os gastos com os incentivos aos professores. É o tempo dos Chicos espertos, ou seja, «matar dois coelhos de uma cajadada»
Torna-se evidente que o governo quer rapidamente diplomar os que ultrapassaram a idade para frequentar a escola. Mas o que se adivinha e me preocupa é a obsessão do ministério em normalizar todos os alunos e em encerrá-los nas escolas, sem que estas estejam preparadas para alunos que rejeitam a instituição escola, não aceitam normas e cultivam atitudes anti-sociais. Já para não falar nos que vêm referenciados com cadastro criminal, não esquecendo também os alunos que, não sabendo qualquer palavra portuguesa, são integrados sem critério algum em niveis de escolaridade desajustados.
É esta precipitação de sucesso por decreto e por coacção que não deixa antever nada de bom para as escolas e muito menos para os professores. A violência é uma das imediatas consequências que se impõe deste caminhar por atalhos. Todavia, outro fenómeno precoce se verifica, é que muitos professores colocados nas cíclicas e que já possuem experiência de ensino abandonam a educação delapidando o futuro próximo de entrada de novos docentes.

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