Educação; para onde nos mandam.

O relatório da OCDE salienta como especialmente positivas as apostas na educação profissionalmente qualificante e na valorização e qualificação da carreira docente.

Por estes tempos, assiste-se à importação das directrizes emanadas pela OCDE, implicando mudanças profundas no ensino em Portugal.

Um olhar mais atento pelas estatísticas e orientações do estudo da OCDE faz ressaltar uma cultura organizada segundo uma lógica marcadamente hierárquica. Os uns mandam e decidem. Os outros obedecem. Estes ideais têm correspondência na nossa política educativa com normativos infalíveis bem urdidos por mentes brilhantes.

Assim, os que mandam escudam-se no seu brilhantismo douto e no sucesso hierárquico, ostentando tiques de prepotência. Aos que obedecem, pedem que executem e sigam procedimentos, se enquadrem em quadros rígidos erigidos e magicamente formulados para satisfazerem um ditadura de estatísticas. Foi segundo esta perspectiva que surgiram a divisão dos professores entre titulares e professores, a avaliação pedagógica com grelhas asfixiantes carregadas de parâmetros inalcançáveis com excelência. E para que nada escape ao big brother, os itens de avaliação organizacionais ficam sob a tutela do director. Perfeito. Quantas manigâncias para subverter o processo ensino-aprendizagem.

De todo este processo ressalta que o professor é o único que nada sabe, pois sobre ele tudo recai de uma forma prescritiva ou punitiva, colando-lhe a culpa do insucesso dos alunos. Senão vejamos. A ministra emana dogmas e os gabinetes ampliam os seus desejos. Tudo inquestionável. Já os alunos detém conhecimentos e saberes que só darão insucesso por culpa da inoperância e incompetência dos professores.

Foi declarado que o insucesso não existe. Os professores tornaram-se um empecilho e há que dotar as escolas de «técnicos da educação». Mas a verdade é incontornável e o tempo bom conselheiro. Muito diferente preparar os jovens para a vida, do que prepará-los para o mercado de trabalho. Para já, há os que proferem discursos e os que diferem. Há os que verborreiam e os que não os entendem. Alguém anda a falar sozinho.

2 comentários:

Joana disse...

Uma coisa que na nossa escola não existe muito... "educação" !

Anónimo disse...

Nem mais!
Há mesmo quem já não saiba só ouvir... nem sozinho!!
Sente-se a derrocada, a descaracterização de muito do que se fazia e faz por amor.
Lena