Disciplina augusta (163-204)



Tinha desde há muito concedido por toda a parte isenções análogas aos médicos e aos professores, na esperança de favorecer a manutenção e desenvolvimento de uma classe média séria e sábia. Conhecendo-lhe os defeitos, mas um Estado só subsiste por ela. (p. 165-166)

Antímaco compreendera melhor o mistério dos horizontes e das viagens e a sombra projectada pelo homem efémero nas paisagens eternas. (p. 167)

o mundo talvez não tenha nenhum sentido, mas, se tem algum, este exprime-se em Elêusis […] Tudo entrava ali, Héstia e Baco, os deuses do lar e os da orgia, as divindades celestes e as do além-túmulo (p. 168)

toda a tolerância concedida aos fanáticos faz-lhes acreditar imediatamente na simpatia pela sua causa (p. 169)

os pedantes irritam-se sempre quando os outros sabem tão bem como eles o seu mesquinho ofício (p. 171)

A palavra filantropia é grega, mas é o legista Sávio Juliano e eu quem trabalha para modificar a miserável condição de escravo (p. 171)

espanto-me mesmo de que aqueles municípios, muitos dos quais mais antigos que Roma, se mostrassem tão prontos a renunciar aos seus costumes, por vezes bastante judiciosos, para em tudo se assimilarem à capital. O meu fim era simplesmente diminuir essa massa de contradições e de abusos que acabam por fazer do processo um matagal onde as pessoas honestas não ousam aventurar-se e onde prosperam os bandidos. (p. 173)

Perdera […] aquela agilidade de espírito que me permitia associar-me ao pensamento de outrem, de tirar proveito dele, ao mesmo tempo que o julgava (p. 176)

Povo algum, excepto Israel, tem a arrogância de possuir toda a verdade nos estreitos limites de uma única concepção divina, insultando assim a multiplicidade de deus que contém tudo (p. 179)

em todos os combates entre o fanatismo e o senso comum, este último raramente vence (p. 179)

tudo o que põe em relevo o esforço do homem, nem que seja só por um dia, parecia-me salutar perante um mundo tão pronto a esquecer (p. 191)

chegara à idade em que cada lugar belo lembra um outro mais belo, em que cada delícia se agrava com a lembrança de delícias passadas. Aceitava entregar-me aquela nostalgia que é a melancolia do desejo. (p. 191)

Não tenho filhos e não o lamento […] Mas esse desgosto tão vão baseia-se em duas hipóteses igualmente duvidosas: a de que um filho forçosamente nos prolonga e a de que este estranho amontoado de bem e de mal, esta massa de particularidades ínfimas e bizarras que constitui uma pessoa mereça ser prolongado. Utilizei o melhor que pude as minhas virtudes; tirei partido dos meus vícios; mas não tenho especial empenho em legar-me a alguém. (p. 192)

a possibilidade de atirar fora a máscara em tudo é uma das raras vantagens que o envelhecimento me dá (p. 194)

a minha opinião a seu respeito modificava-se sem cessar, o que só acontece como os seres que nos tocam de perto; contentamo-nos em julgar os outros mais por alto, e de uma vez para sempre. (p. 195)

A idade nunca me pareceu uma desculpa para a malignidade humana; verei antes nela uma circunstância agravante (p. 197)

Os deuses não se levantam; não se levantam nem para nos advertir, nem para nos proteger, nem para nos recompensar, nem para nos punir (p. 198)

mas aos dezassete anos o excesso é uma virtude (p. 202)

Há mais de uma sabedoria, e todas são necessárias no mundo, não é mau que alternem (p. 204)

dali em diante podia voltar para Tíbure, reentrar nesta inactividade que é a doença, experimentar, com os meus sofrimentos, mergulhar no que me restava de delícias, continuar em paz o diálogo interrompido com um fantasma (p. 204)

1 comentário:

Joana disse...

Foi mais um post de desabafo, como dava para ver pelo excessivo uso de bonequinhos ou "smiles". Mas apaguei porque não quero que o meu Lindo (cof cof) blog começe a ficar cheio de virus e coisas pheias x)

Apaguei e escrevi sobre algo que neste momento me está a preocupar um pouco mais. Quanto ás frases, este livro é realmente cativante !!
Andarei por aqui também mais vezes a "cuscar" coisas novas, professor Luís. Um beijo *